22 de julho de 2009

VOCÊ SENTE VONTADE DE ENFIAR O DEDO NA TOMADA??


QUATRO SENTIDOS.

Não sei que forças surreais e misteriosas nos levam à completa cegueira diante de determinados sentimentos. Depois de muito pensar acerca de conceitos como sensatez, objetividade, auto-controle e lucidez, acabo por concluir que de nada valem quando, por necessidade (iminente ou concreta), os invocamos. Quanta bobagem. Nada mais são senão ilusões que alimentamos para enganarmos a nós próprios que somos capazes de usá-los em situações em que a emoção se impõe. Na verdade, são frágeis e estraçalham-se em face de qualquer desafio um pouco mais complexo do que decidir que roupa usar no primeiro encontro.

Eu que sempre me considerei medianamente inteligente, vejo-me a cometer deslizes tão bobos quanto colocar o dedo na tomada. Acredito que nem criança caia mais nessa. E eu insisto em praticar erros superados pelos adolescentes mais inexperientes. Burrice? Não creio. Cegueira súbita? Talvez. E a causa dela eu já não posso ignorar, pois está por toda a parte, dentro e fora de mim. Em livros, músicas, filmes e sonhos... Amor? Que nada, o amor ilumina e não cega. Paixão? Quem sabe... Pouco me importa. Prefiro mesmo encarar como uma espécie de doença, tal como a cegueira convencional, pelo menos assim posso ter esperança de haver cura a ser descoberta.

E com a visão embaçada, quase nula, eu ainda me permito assistir a toda a confusão que se instaurou entre a ilusão e a realidade de palavras ditas e pensadas, de momentos vividos e sonhados, de beijos acontecidos e imaginados. Eu sei que não posso captar o movimento de alguns olhares perdidos, nem tampouco posso ler as entrelinhas de certas conversas retalhadas. Porém eu posso, ao menos, perceber e admitir que não estou plenamente saudável e, a partir disso, buscar um tratamento possível - doloroso ou não.

Por agora, resta-me apoiar-me nos outros sentidos que ainda domino. Confio meu destino ao tato daqueles que me abraçam, à audição dos conselhos de quem já viveu mais do que eu, ao paladar de sabores novos que me disponho a experimentar e ao olfato do perfume do campo que ainda hei de caminhar

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